Nesta quarta-feira, 10 de setembro, às 17 horas, 34 moradores do Município do Uiramutã receberam seus diplomas como novos técnicos em agropecuária pelo Campus Amajari do Instituto Federal de Roraima (IFRR). A formatura do curso, ofertado na modalidade educação a distância (EAD), ocorreu na Comunidade Indígena Enseada, Município do Uiramutã, onde foram realizadas as aulas presenciais.
Os formandos, em sua maioria, são moradores da Enseada, que fica a 23 km da sede do Uiramutã e a 326 km da Capital, Boa Vista. Também tem estudantes das Comunidades Indígenas Pedra Branca, Willemon, Nova Jerusalém e Sapã, e da própria sede do Uiramutã, considerado o município mais indígena do País, e dos Municípios de Pacaraima e Amajari.
Dessa 1ª turma de 53 alunos, que iniciou suas atividades no dia 20 de fevereiro de 2024, mais de 64% cruzaram a linha de chegada nesta quarta-feira, 10, e receberam o certificado. Dez dos que não conseguiram êxito já solicitaram reingresso na 2ª turma do curso, sendo que cinco deles já iniciaram os estudos, que começaram com a aula inaugural on-line em agosto último.
Com carga horária total de 1.200 horas, o curso teve duração de um ano e meio e respeitou a porcentagem mínima de 20% dos encontros presenciais, realizados na Comunidade Enseada e na sede do Campus Amajari. Subsequente ao ensino médio, ou seja, destinado a quem já concluiu o ensino médio e busca uma formação complementar, o curso Técnico em Agropecuária tem o objetivo de qualificar estudantes do Estado de Roraima, em especial em regiões distantes da Capital e de difícil acesso, possibilitando aos futuros profissionais aptidão para o exercício na sua área de atuação.
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Entre os 34 formandos está Dielison Pereira Alves, que tem deficiência auditiva. Por meio de um bilhete, ele contou que se sentiu feliz ao concluir mais essa etapa de sua formação, apesar das dificuldades enfrentadas, como o problema de acesso à internet, para realizar as atividades. Ele disse que a experiência no IFRR lhe proporcionou novas amizades, o aprendizado do uso do notebook e a oportunidade de conhecer professores e participar de atividades no Campus Amajari.
Morador do Retiro Santa Cecília, área da Comunidade Indígena Enseada onde é realizado o manejo do gado de um projeto e o da comunidade, Dielison teve a ajuda de colegas de turma e da família para entender as aulas. Sua trajetória demonstra como o acesso à educação, mesmo em modalidade a distância, pode transformar realidades e ampliar horizontes para jovens indígenas com deficiência. “Me senti bem. Feliz. Senti dificuldade para fazer minhas atividades devido à internet”, escreveu em resposta à pergunta sobre como havia se sentido no curso.
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Quem também ressaltou a importância da formação para sua trajetória pessoal e para a Comunidade Enseada foi Dário Souza Leite. Ele relatou que a experiência proporcionada pelo instituto ampliou seus conhecimentos, fortaleceu sua compreensão sobre os desafios locais e abriu novas perspectivas para melhorias na região. “Essa vivência me trouxe mais confiança e motivação para agir e contribuir para mudanças positivas. Sou grato pela oportunidade e espero que mais pessoas possam participar também”, disse.
Para o coordenador do curso em EAD-CAM (Polo Amajari), Weider Henrique Pinheiro Paz, a solenidade na Comunidade Indígena Enseada foi de grande importância, pois representou mais do que a conclusão de um ciclo de estudos: foi a prova de que, mesmo diante de desafios logísticos, a educação a distância possibilita o acesso ao conhecimento e abre caminho para a transformação social. “Acreditamos que o aprendizado adquirido fortalecerá a comunidade, ampliará oportunidades, incentivará a continuidade dos estudos e contribuirá para o desenvolvimento sustentável da região. A educação, sem dúvida, é a ferramenta mais poderosa para construir um futuro mais digno e justo”, afirmou.
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A professora da rede estadual e moradora da comunidade Denise Almeida dos Santos é uma das entusiastas e incentivadoras do curso. Ela relembra que os alunos receberam notebooks em formato de cautela, o que foi determinante para o sucesso das atividades. “Em Enseada, já vivenciamos essa experiência da EAD, mas não tínhamos sequer lápis e caderno para estudar. Meus alunos não tinham condições de possuir um notebook. Quando todos receberam o equipamento, tive a certeza do sucesso do estudo. Em pouco tempo, todos estavam dominando o instrumento”, contou.
Segundo ela, outro passo importante foi a união dos professores da Escola Estadual Indígena Ko’ko Isabel Macuxi, que adquiriram uma antena Starlink para viabilizar o acesso à internet. Isso garantiu que todos pudessem estudar com qualidade. “Os cursistas elogiaram a plataforma, que é leve e prática, e, ao final do curso, houve a devolução dos notebooks sem nenhum problema. Muito obrigada ao IFRR/Amajari, ao diretor Rodrigo e aos professores que ofertaram ensino de excelência. Eu sou testemunha desse ‘milagroso estudo’ em Enseada”, declarou.
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Ascom/Reitoria
Rebeca Lopes
Fotos: Divulgação
11/9/2025