Padrões de acessibilidade
O Art. 63 do Estatuto da Pessoa com Deficiência estabelece como diretriz o uso as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente, diante disso, a World Wide Web Consortium (W3C), uma comunidade internacional que desenvolve padrões visando garantir um padrão para a rede mundial de internet.
Observando a necessidade de tornar a internet acessível, criaram-se as Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG) que abrangem diversas recomendações para tornar o conteúdo da Web mais acessível.
Seguir estas diretrizes irá tornar o conteúdo acessível a mais pessoas com deficiência, incluindo:
- acomodações para cegueira e baixa visão;
- surdez e baixa audição;
- limitações de movimentos;
- incapacidade de fala;
- fotossensibilidade e combinações destas características;
- alguma acomodação para dificuldades de aprendizagem e limitações cognitivas;
Porém, não abordará todas as necessidades de usuários com essas deficiências. Seu conteúdo da Web também ficará mais acessível aos usuários em geral ao seguir estas diretrizes.
O WCAG 2.1 possui quatro princípios, cada um deles com suas respectivas diretrizes, como mostrado na Figura 1, ao todo são 13 diretrizes inseridas nos princípios. Elas fornecem os objetivos básicos que devem ser observados para tornar seu conteúdo acessível às diferentes formas de deficiência.

Os 4 Princípios
Perceptível, Operável, Compreensível e Robusto.
Perceptível
As informações e os componentes da interface do usuário devem ser apresentados em formas que possam ser percebidas pelo usuário.
- Diretriz 1.1 Alternativas em Texto: Fornecer alternativas textuais para qualquer conteúdo não textual, para poder ser transformado em outras formas consoante as necessidades dos usuários, tais como impressão com tamanho de fontes maiores, braile, fala, símbolos ou linguagem mais simples;
- Diretriz 1.2 Mídias com base em tempo: Fornecer alternativas para mídias baseadas em tempo;
- Diretriz 1.3 Adaptável: Criar conteúdo que pode ser apresentado de diferentes maneiras, por exemplo, um layout simplificado, sem perder informação ou estrutura;
- Diretriz 1.4 Discernível: Facilitar a audição e a visualização de conteúdo aos usuários, incluindo a separação entre o primeiro plano e o plano de fundo.
Operável
Os componentes de interface de usuário e a navegação devem ser operáveis.
Diretriz 2.1: Acessível por Teclado: Fazer com que toda funcionalidade fique disponível a partir de um teclado.
- Diretriz 2.2 Tempo Suficiente: Fornecer aos usuários tempo suficiente para ler e utilizar o conteúdo;
- Diretriz 2.3 Convulsões e Reações Físicas: Não criar conteúdo de uma forma conhecida por causar convulsões e reações físicas;
- Diretriz 2.4 Navegável: Fornecer maneiras de auxiliar os usuários a navegar, localizar conteúdos e determinar onde se encontram;
- Diretriz 2.5 Modalidades de Entrada: Torna mais fácil para os usuários operar a funcionalidade por meio de várias entradas além do teclado.
Compreensível
A informação e a operação da interface de usuário devem ser compreensíveis.
- Diretriz 3.1 Legível: Tornar o conteúdo do texto legível e compreensível;
- Diretriz 3.2 Previsível: Fazer com que as páginas de web apareçam e funcionem de modo previsível;
- Diretriz 3.3 Assistência de Entrada: Auxiliar os usuários a evitar e corrigir erros.
Robusto
O conteúdo deve ser robusto o suficiente para poder ser interpretado de forma confiável por uma ampla variedade de agentes de usuário, incluindo tecnologias assistivas.
- Diretriz 4.1 Compatível: Maximizar a compatibilidade entre os atuais e futuros agentes de usuário, incluindo tecnologias assistivas. Para cada diretriz, são fornecidos critérios de sucesso testáveis, para permitir que as recomendações do WCAG 2.1 sejam verificadas.
Níveis de Conformidade
Em cada princípio do WCAG 2.1 existem Diretrizes a serem seguidas que são atendidas a partir dos critérios de sucesso. A fim de atender as necessidades dos diferentes grupos e situações. As Diretrizes para acessibilidade do conteúdo da Web definem três níveis de conformidade: A, AA e AAA.
- Nível de conformidade A: representa alguns critérios mais simples que correspondem às barreiras mais significativas de acessibilidade. Estes são considerados critérios essenciais que se não forem atendidos, a tecnologia assistiva pode não conseguir ler, entender ou operar totalmente as páginas, ou possibilitar as visualizações necessárias à percepção, compreensão e operação. Atualmente são 33 critérios de sucesso neste nível que precisam ser verificados.
- Nível de conformidade Duplo A, AA: Quando todos os critérios do nível A forem satisfeitos e novos outros critérios forem atendidos, por exemplo, um site que segue as recomendações do nível AA, significa que está acessível para a maioria dos usuários sob a maioria das circunstâncias, por meio do uso da maioria das tecnologias. Os critérios de nível 2A contabilizam um total de 24 itens a serem verificados.
- Nível de conformidade Triplo A, AAA: quando todos os critérios dos níveis anteriores forem satisfeitos e acrescidos de critérios mais detalhados, representando um refinamento das anteriores, sendo especificações mais detalhadas que trazem um nível mais sofisticado de acessibilidade, dependendo do conteúdo apresentado, pode ser necessário obrigatório o cumprimento de alguns critérios de nível AAA para garantir acessibilidade ao público-alvo. Estes critérios de nível 3A representam um total de mais 21 itens a serem atendidos. O total de critérios de sucesso perfazem 78 itens de verificação para a versão atual da WCAG 2.1.
Avaliar a acessibilidade
Os softwares avaliadores de acessibilidade realizam uma análise automática do código da página web, procurando detectar a existência de erros e omissões que possam se constituir em barreiras para a acessibilidade. Segundo o resultado dessa análise, quando uma página não apresenta erros em sua validação, uma classificação é feita, conforme os três níveis de acessibilidade estabelecidos pelo WCAG 2.1: “A”, “AA” e “AAA”. A WAI disponibiliza em seu sítio uma lista com diversas ferramentas para validação de acessibilidade. Apesar de se constituírem em um grande auxílio para os desenvolvedores, esses avaliadores automáticos não são suficientes para garantir a acessibilidade de uma página web, em nenhum nível. Por isso, são necessários outros softwares e, principalmente, a avaliação humana por usuários e especialistas. Assim, é possível comparar os softwares avaliadores de acessibilidade aos softwares corretores gramaticais, os quais, mesmo quando não encontram nenhum erro no texto, não podem garantir sua qualidade e a compreensão pelos leitores.