Os acadêmicos do 5º módulo do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (Tads) do Campus Boa Vista (CBV) apresentaram, no último dia 9 de agosto, o seminário “APP’s: Pesquisa de Acessibilidade e Comunicação para Pessoas Surdas”. Sob a orientação da professora Anazita Lopes, na disciplina de Libras, o seminário abordou a importância de aplicativos desenvolvidos para atender à comunidade surda em chamados de emergência no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Foram apresentados dois aplicativos: um criado no Brasil, em Belo Horizonte (MG), e outro em Portugal, denominados, respectivamente, de Socorro com as Mãos e SNS.
De acordo com a professora Anazita, esse trabalho de pesquisa foi proposto para proporcionar o conhecimento sobre aplicativos, feitos no Brasil e em outros países, destinados à viabilização da comunicação para a comunidade surda. “Quando precisam recorrer à polícia, ao corpo de bombeiros, aos hospitais ou solicitar atendimentos de emergência, como o Samu, as pessoas surdas precisam pedir ajuda a terceiros para acessar tais serviços. Pensando na autonomia desses cidadãos, se algum dia eles se encontrarem em situações de risco de vida ou precisarem pedir ajuda para algum filho, pais, parente ou amigo, poderão acessar esses serviços com autonomia e rapidez utilizando um aplicativo, podendo, assim, salvar alguém ou a própria vida”, explicou.
Anazita esclarece ainda que a divulgação desse trabalho é de suma importância para incentivar ações voltadas à comunidade surda, que tem sido negligenciada ao longo de anos, mesmo depois do reconhecimento de sua língua natural, a Libras.
O acadêmico Lucas Matheus Rodrigues Paiva apresentou um dos aplicativos. Ele explica como o dispositivo funciona. “Nós apresentamos o sistema que auxilia no atendimento de pessoas surdas na área da saúde, o SNS24, que funciona atualmente em Portugal. Ele funciona de uma maneira bem simples, fazendo a triagem e o atendimento de pessoas surdas com o auxílio de um intérprete, que fica disponível 24 horas por dia e sete dias por semana, dando, assim, mais autonomia para a comunidade surda conseguir buscar ajuda na área da saúde. O sistema, em Portugal, tem intérpretes de LGS, a Língua Gestual de Sinais, é como se fosse a nossa Libras, só que com algumas diferenças”, disse.
Outro diferencial da atividade de pesquisa foi incentivar os acadêmicos de Tads a se sensibilizar e perceber as dificuldades pelas quais passam as pessoas surdas, pensando na criação de aplicativos que contribuam para uma melhor qualidade de vida dessa comunidade. “Quando estava pesquisando um aplicativo, vi vários relatos de pessoas surdas que tiveram grande dificuldade nisso, pois nem sempre dispõem de um intérprete por perto. Por exemplo, vi o relato de uma moça que estava em um posto de saúde e que viu recursos visuais para o autocuidado, desenhos explicando como fazer. Ela se impressionou e disse para seu intérprete que tinha achado muito legal terem pensado nas pessoas surdas, e, quando ele foi falar com o atendimento para elogiar, eles disseram que aquilo era destinado para pessoas analfabetas. Ela ficou triste na mesma hora, porque acreditou que aquele cartaz era voltado às pessoas surdas, mas, na verdade, os ouvintes, na maioria das vezes, esquecem essa parcela da população. Então, nós sabemos que eles enfrentam muitas dificuldades no dia a dia, mas na área da saúde, a professora sempre deixou claro, que é onde eles têm mais dificuldade, por isso meu grupo quis trazer algo que facilitasse a comunicação dessa comunidade nessa área. Infelizmente, no Brasil, não encontramos nada tão bom quanto o SNS24”, relatou o estudante.
O seminário contou também com a presença de membros da comunidade surda e do presidente da Associação Suo Jure dos Surdos de Roraima, Hiderlan Matão Bonfim, que contribuíram para a ação ao compartilhar informações significativas que poderão resultar em inovações com a criação de novos aplicativos ou atualizações de aplicativos já existentes.