CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO – Oficinas levam qualificação profissional a diversas comunidades em Roraima e em outros estados

Publicado em 1 de Setembro de 2023 às 09:40
Autoria
Virginia Albuquerque - JORNALISTA
curricularização 7
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Cerca de 120 acadêmicos do curso de Licenciatura em Letras com Habilitação em Língua e Literaturas de Língua Portuguesa e Espanhola na modalidade a distância (EAD), ofertado no Campus Boa Vista (CBV), na Capital, e em mais quatro polos (Mucajai, São Luís, Rorainópolis e Pacaraima), realizaram um total de 26 oficinas para as comunidades dos municípios onde residem. Além desses municípios, foram atendidas comunidades em diversos estados do País, onde residem alunos matriculados no curso.

Implementadas no âmbito da curricularização da extensão, as oficinas foram realizadas em escolas públicas e em espaços como casas de passagem de imigrantes, assentamentos rurais e campi de outros institutos federais. Em Roraima, elas atenderam cerca de 100 imigrantes venezuelanos. Já em outros estados, contemplaram 280 participantes.

Os temas abordados nas oficinas foram, em sua grande maioria, demandados pelas comunidades atendidas. Em Roraima, eles versaram sobre a capacitação do imigrante para o mundo do trabalho: elaboração de currículo; preparação para entrevista de emprego; português aplicado aos serviços de saúde e maternidade; mapa e localização de instituições públicas; vocabulário e expressões para comunicação no dia a dia; entre outros.

Já as oficinas ministradas pelos alunos dos outros estados abordaram temas mais diversificados e tiveram como público-alvo, em sua maioria, jovens em idade escolar que apresentavam dificuldades em alguns conteúdos, devido ao período da pandemia, no qual o ensino da língua portuguesa e o trabalho com gêneros textuais foi menos evidenciado. Os gêneros trabalhados foram poesia, fábula, textos instrucionais, literatura de cordel, crônica, além do currículo de vida (curriculum vitae).

Curricularização – No curso de Licenciatura em Letras EAD, a curricularização foi o resultado de um projeto interdisciplinar intitulado “Trilha formativa interdisciplinar para a docência: a identidade docente em formação e as oficinas de língua portuguesa”, que integrou oito componentes curriculares dos dois primeiros módulos do curso: Língua Espanhola I, Leitura e Produção de Textos I, Didática I, Língua Espanhola II, Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa, Teoria Literária I, Leitura e Produção de Textos I e Prática como Componente Curricular (PCC 1). Com isso, cumpriram-se 100 horas previstas para a curricularização, em um processo que envolveu o ensino, a pesquisa e a extensão universitária.

Segundo a professora responsável pela curricularização no curso de Licenciatura em Letras EAD, Esmeraci Nascimento, o planejamento e a execução da proposta ocorreram de maneira integrada. “No percurso formativo dos acadêmicos, o professor de cada componente planejou e executou experiências formativas que podiam instruir e sensibilizar o acadêmico para melhor pensar na ação de ensinar. Dessas experiências, puderam selecionar o gênero textual de estudo e ensino para seu público a fim de melhor atender às necessidades comunicativas no ensino de língua. Além disso, o projeto “Trilha formativa” visou promover aos acadêmicos diferentes experiências e etapas formativas de pesquisa e planejamento alicerçadas no ensino para a formação de professores de línguas, a fim de despertar a responsabilidade social e política do professor em formação. A culminância em ações de extensão nas comunidades onde o curso é ofertado será a oportunidade de os acadêmicos terem contato com outras culturas e línguas, podendo, assim, planejar e executar práticas pedagógicas que incorporem a reflexão contínua sobre seu papel diante das demandas sociais e educacionais de seu município”, explicou a docente.

Para a coordenadora do curso de Licenciatura em Letras EAD, Miriam Aline Coelho, o “Trilha formativa” se constitui em um projeto integrador de suma importância para a formação dos acadêmicos e futuros docentes. “O desenvolvimento das ações de curricularização oportunizou aos estudantes um primeiro contato com a comunidade externa, buscando atender às demandas sociais identificadas por eles. Essas ações enriqueceram o processo de amadurecimento e identidade dos estudantes, como futuros profissionais da educação”, declarou.

Na opinião da acadêmica do Polo São Luiz Nelli de Sousa Lins, a participação nas atividades de curricularização foi desafiadora, mas ao mesmo tempo gratificante. “A experiência em participar de um projeto de extensão foi incrivelmente desafiadora, mas também profundamente gratificante. Inicialmente, enfrentei o desafio de superar a barreira da língua e da cultura para me comunicar efetivamente com os participantes da oficina. Portanto, foi necessário encontrar formas criativas de ensinar o vocabulário de forma interativa e participativa. Essa atividade impactou positivamente a minha formação, pois me desafiou a desenvolver habilidades de comunicação eficaz, empatia e liderança. Além disso, acredito que esse projeto tenha contribuído significativamente para a comunidade atendida. Ao proporcionar a ampliação do vocabulário e do conhecimento sobre expressões úteis para a vida cotidiana, os imigrantes venezuelanos foram capacitados a se comunicar de forma mais eficaz no novo país em que estão residindo. Isso não apenas os ajuda a se integrar melhor à comunidade local, mas também a melhorar suas oportunidades de trabalho e interações sociais”, disse a estudante.

A acadêmica do Polo Mucajaí Cátia Simone Machado Moraes, que mora em Alegrete (RS), optou por ofertar uma oficina sobre o gênero textual poema. “Realizei minha oficina com futuras professoras, estudantes do curso Normal, ensino médio. Trabalhei a escrita criativa por meio do gênero poema com 30 alunas atentas, que acompanharam a atividade do início ao fim e produziram lindos poemas. Usei a técnica da caixa do tesouro, de onde se tiravam objetos variados, como batom, lâmpada, perfume, brinquedos, e se produzia o poema a partir do objeto retirado. Foi uma experiência linda! O sucesso da oficina foi tanto, que fui convidada para ministrar a mesma atividade para acadêmicas do curso de Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul”, contou.