Na Comunidade Mauxiu, localizada na Terra Indígena Yanomami, o Instituto Federal de Roraima (IFRR), por meio do Campus Amajari (CAM), está realizando, desde junho deste ano, oficinas do Projeto de Letramento e Numeramento. A ação extensionista, que se estenderá até março de 2026, é fruto de parceria entre o IFRR/CAM e o governo federal, com o apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
O projeto de extensão é apenas um dos três projetos que o Campus Amajari desenvolve dentro da maior terra indígena do Brasil em extensão territorial, que é a Yanomami. Nela, o acesso à maior parte das comunidades se dá apenas por transporte aéreo, devido às localizações remotas e dificuldades de acesso terrestre. Isso reforça o desafio logístico e a importância da iniciativa para o povo yanomami.
A parceria faz parte de uma ação macro, na qual a Funai apoia financeiramente o projeto de educação. Os outros dois projetos contam com aporte de recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Ministério da Pesca e da Aquicultura (MPA). A intenção do governo federal é levar ao território Yanomami ações de combate ao garimpo e de garantia da segurança alimentar.
Já o apoio na parte educacional, conduzida pelo IFRR, representa um avanço na valorização da educação indígena, construída em diálogo com as comunidades e respeitando suas especificidades culturais e linguísticas. “Mais do que ensinar português e matemática, o projeto fortalece a luta pela defesa do território e reafirma a educação como caminho de autonomia, dignidade e resistência para o povo yanomami”, disse a coordenadora do Projeto de Letramento, Jucimara Félix.
Segunda ela, desde junho deste ano, ocorrem entradas previamente acordadas com os moradores de Mauxiu, a maior parte, mensais. Os encontros seguirão até março de 2026. O próximo está previsto para outubro. Na última oficina de quatro dias, realizada na Escola Estadual Indígena Yano Thëa, foram 54 participantes, entre eles 14 professores indígenas, jovens e mulheres da comunidade, além de representantes de outras 13 comunidades.
Jucimara explica que o projeto de educação atende a uma demanda dos indígenas. O projeto surgiu a partir de uma demanda expressa pelos próprios yanomamis, que reconhecem no domínio da língua portuguesa e da matemática ferramentas fundamentais para defender seu território, dialogar com autoridades, acessar serviços públicos e fortalecer a cidadania. “Eles desejam aprender português para que seus filhos se tornem guardiões de sua terra e tenham voz em espaços de decisão, enquanto a aprendizagem da matemática básica é vista como essencial para lidarem com situações cotidianas, como operações financeiras e organização comunitária”, disse.
A equipe do projeto é composta por professores, estudantes extensionistas e dois intérpretes indígenas, que tiveram papel fundamental na mediação linguística e cultural. Além da professora Jucimara, participaram o professor Francisco Moura (Letras), do Campus Amajari, o professor Vilmar Costa (Matemática), do Campus Novo Paraíso, e a pedagoga Maria Aparecida Xavier, também do CNP. O grupo contou ainda com o apoio dos estudantes extensionistas Luara Louise, Rennery Guilherme e Ketlen Geovana Azevedo, do curso Técnico Integrado em Agropecuária do CAM.
'
Ascom/Reitoria
Texto: Rebeca Lopes
Colaboração: Victor Mattioni
Fotos: Divulgação
21/8/2025